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Tether não emite USDT há 50 dias; veja as possíveis causas

 


A Tether Limited interrompeu a emissão da stablecoin USDT desde o final de maio. Agora, são mais de 50 dias sem emissões em Ethereum e Tron. Curiosamente, esta redução veio na sequência da forte baixa no preço do Bitcoin (BTC), conforme dados da Glassnode.

De fato, houve até reduções pontuais na oferta de USDT neste período, como aquela vista em meados de junho. Por conta disso, será que a Tether parou de inflar o preço do BTC?



Mercado enfrenta desafios


Paolo Ardoino, diretor de tecnologia da Tether, reconheceu que a demanda pelo USDT caiu. Contudo, ele argumentou que a tendência não é exclusiva do token.

“A demanda por USDT vai e volta, e foi impactada pela demanda menor por stablecoins nas últimas semanas”, disse.

Porém, a opinião de Ardoino não é unanimidade no mercado. Segundo analistas, o atual cenário revelou três desafios sem precedentes para o USDT. Combinados, eles podem acarretar em um impacto negativo no preço da stablecoin:

  • Reputação da USDT em queda;
  • Pressão regulatória crescente ao redor do mundo;
  • Ascensão de um dos concorrentes mais promissores do USDT.

Reputação da USDT enfraquece


Em primeiro lugar, a USDT encara um período de baixa que vai além do preço. A reputação da stablecoin dentro da comunidade tem sofrido abalos.

De acordo com Noelle Acheson, chefe de mercado da Genesis Global trading, o mercado está “faminto” por explicações sobre por que o preço está tão “apático”. Logo, o USDT é um alvo perfeito. Soma-se a isso as preocupações a respeito das auditorias, que ainda não convenceram o mercado.

“O mercado está infundido com um sentimento de baixa e os traders estão procurando por um motivo. É a temporada de FUD (medo, incerteza e dúvida), e as vulnerabilidades da Tether quase sempre fazem parte dessa conversa”, disse Acheson.

Para o economista Fernando Ulrich, a emissão de USDT não afeta os fundamentos do BTC. Contudo, a stablecoin ainda pode trazer um forte impacto nos preços, especialmente para as exchanges que operam o par BTC/USDT.

“Não estou dizendo que a Tether é uma pirâmide financeira, mas os indícios estão aí. Pode não ser uma pirâmide tradicional, mas talvez algo que esteja inflando o mercado e, possivelmente, emitindo USDT sem lastro”, afirmou Ulrich.

Reguladores miram USDT

Este risco não envolve apenas USDT ou Tether, mas sim o mercado como um todo. Em 2021, reguladores e governos em todo o mundo voltaram seus olhos para as stablecoins. A grande prova veio do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Na quarta-feira (14), Powell respondeu a uma pergunta do deputado Anthony Gonzalez sobre os ativos da Tether, que, de acordo com sua divulgação em maio, foi quase a metade de papéis comerciais não especificados.

“Os papéis comerciais são obrigações noturnas de curto prazo das empresas e, na maioria das vezes, têm grau de investimento, na maioria das vezes são muito líquidas, tudo bem. Mas, em face das crises, o mercado simplesmente desaparece. E é aí que as pessoas vão querer seu dinheiro. Essas são atividades econômicas muito semelhantes aos depósitos bancários e fundos do mercado monetário e precisam ser regulamentadas de maneiras comparáveis”, disse Powell.

Isto é, Powell adiantou o que pode ser uma estrutura regulatória para as stablecoins, que podem ser classificadas como contas de depósito. No entanto, ainda não existem propostas oficiais sobre este ponto.

Concorrência ameaça USDT

Apesar da USDT ainda ser a stablecoin dominante, ela não é a única do mercado e tem enfrentado o crescimento da concorrência. A principal concorrente é a USD Coin (USDC), emitida pela Circle, que recentemente anunciou uma possível abertura de capital na bolsa.

Redes como Tron já começam a dar suporte à USDC, aumentando o cenário de concorrência. Além disso, a Circle pretende estabelecer o crescimento na Ásia e em todo o mundo.

Por fim, a USDC possui uma auditoria e transparência consideradas mais confiáveis do que a USDT. Logo, os riscos regulatórios são vistos como menos danosos no caso da stablecoin da Circle.

“Acho que a USDC tem uma chance de competir no mercado de stablecoin na Ásia contra a USDT. Sinto que o mercado de stablecoins na Ásia precisa de uma infraestrutura diversificada e os clientes na Ásia estão procurando mais opções”, disse disse Justin Sun, fundador da Tron.

Fonte: Tether não emite USDT há 50 dias; veja as possíveis causas (criptofacil.com)


Saiba o que é o tether e qual o motivo de ele estar preocupando os economistas

 


Nem bitcoin, nem ether. O assunto da vez agora é o tether, terceira maior criptomoeda do mundo em valor de mercado. Mas nem mesmo sua consolidada participação de mercado no universo dos criptoativos tem deixado os economistas tranquilos — na verdade, bem longe disso.

O tether, inclusive, poderá ser uma espécie de “termômetro” para indicar o futuro das criptomoedas, à medida que os ativos em geral enfrentam, cada vez mais, restrições regulatórias pelo mundo todo.

Mas antes de entender os receios e os motivos que podem explicar os temores, é preciso, primeiramente, entender melhor o que é o tether e como ele funciona.

O que é o tether?

O tether nada mais é do que uma criptomoeda. Sua capitalização de mercado é de aproximadamente US$ 62 bilhões, o que posiciona a moeda digital atrás apenas do bitcoin e do ether — embora ela seja bem diferente desses dois ativos.

Isso porque o tether é um stablecoin, moedas digitais vinculadas a ativos do mundo real (como dólar ou ouro, por exemplo) para manter um valor estável, bem diferente das fortes oscilações das criptomoedas comuns.

As operações com stablecoin permitem, por exemplo, transferir os investimentos em bitcoin para um stablecoin quando houver uma perspectiva de baixa. Deste modo, ao manter os investimentos em moedas estáveis, as perdas seriam reduzidas.

No caso do tether, ele foi projetado para ser atrelado ao dólar, logo, seu preço geralmente equivale a US$ 1.

Criptomoeda é atrelada ao dólar americano. Foto: Robert Paternoster/Shutterstock

Tá, mas e aí?

Por ser atrelado ao dólar, é preciso que o emissor tenha reservas em moedas americanas suficientes para justificar a indexação. Mas bem, não parece ser o caso.

Em maio, a empresa que emite o tether afirmou que apenas 2,9% de suas participações era em dinheiro, enquanto a grande maioria era em papel comercial — títulos representativos de dívidas de curto prazo —, o que coloca a emissora entre as dez maiores detentoras de papéis comerciais do mundo.

Por não haver uma regulamentação para o setor, isso pode significar um grande risco para a estabilidade financeira, especialmente por conta da dimensão do ativo: com mais de US$ 60 bilhões em tokens, o tether tem mais depósitos que muitos bancos dos EUA.

Outros riscos

Além disso, há uma grande preocupação de que o tether tem sido usado para manipular o preço do bitcoin, sob alegações de que o token teria sido usado para sustentar a criptomoeda mais negociada do mundo durante as principais quedas em 2017.

Inclusive, no início deste ano, o principal oficial de segurança do Estado de Nova York acusou Tether e a Bitfinex de movimentarem centenas de milhões de dólares para cobrir perdas de aproximadamente US$ 850 milhões.

Ambas as empresas concordaram em pagar US$ 18,5 milhões no acordo e foram proibidas de operar em NY. Nenhuma delas, no entanto, admitiu qualquer tipo de irregularidade.

E agora?

Como os stablecoins têm se tornado mais populares, existe um risco de que as preocupações possam acabar em resultados negativos no futuro. 

“Uma crise futura poderia ser facilmente desencadeada à medida que estes se tornassem um setor mais importante do mercado financeiro, a menos que comecemos a regulá-los e a garantir que haja realmente uma estabilidade muito mais estável para o que está sendo comercializado para o público em geral como um stablecoin”, afirmou Eric Rosengren, presidente do Federal Reserve.

Ilustração de diversas criptomoedas
Riscos do tether podem afetar o universo das criptomoedas como um todo. Foto: eamesBot/Shutterstock

E a insegurança gerada por uma possível crise também poderia afetar o universo das criptomoedas como um todo, à medida que o cerco contra os criptoativos cresce ao redor do mundo.

Por outro lado, uma retirada em massa de investimentos no tether também poderia desestabilizar o mercado de créditos de curto prazo, de acordo com a agência Fitch Ratings. 

Ao que parece, uma resolução para os impasses não será tarefa fácil, já que deverá impactar o mercado de um jeito ou de outro. Talvez por isso os economistas estejam tão preocupados com o ativo — e com o futuro dele.

Fonte: CNBC